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Fita aerodinâmica: o que é e para que serve

Por: Redação

Publicado em 10 de novembro de 2023

Fita aerodinâmica: o que é e para que serve

Foto: O2Corre

Por Ana Paula Simões

Alguns leitores me perguntaram o que era aquela fita na perna de Eliud Kipchoge na maratona de Tóquio e a de Galen Rupp nas eliminatórias olímpicas e outras provas nos Estados Unidos. Não, não era kinesiotape, nem fita de cinesiologia - aquelas que os fisioterapeutas usam para tratar as dores. O que eram então? Temos uma novidade? Quando Galen Rupp estava vencendo a corrida de 10.000 metros nos EUA, muitos fãs nas arquibancadas do Hayward Field podiam ser ouvidos perguntando coisas como: “O que é essa fita que ele está usando em seus braços e pernas?” Outros se perguntam: "Será que ele está machucado e foi preciso proteger com fita kinesio?" O mesmo foi dito na Maratona de Tóquio, onde Kipchoge estava com fitas nas pernas, o que para muitos poderia ser questionado: será sinal de fraqueza? Mostrar para os adversários que está com uma lesão? Bem, nenhum dos dois se machucou, pelo contrário: sagraram-se campeões. Galen provou isso ao vencer os 10.000 m e também avançar para a final dos 5.000 m, e Kipchoge foi campeão de mais uma major. A fita que eles estavam usando não era para reabilitação ou prevenção de lesões, e sim para serem mais aerodinâmicos enquanto corriam ao redor da pista ou pelas ruas. Chamada AeroSwift Tape, é parte do projeto de pesquisa de eficiência aerodinâmica em andamento de uma grande empresa esportiva, que também inclui os kits de corrida de pista e campo da marca.

Discussão geral

Além de fazer os corredores parecerem “pintados” e fazer os espectadores pensarem que os atletas estão lesionados e usando fita kinesio, a fita aerodinâmica tenta fazer a diferença competitiva. Há um estudo que refere "uma queda de 2-3% na resistência ao vento". Isso parece pouco, mas no nível profissional cada segundo conta. Para o cálculo, foi concluído que houve uma redução de 2,65% no resultado final. Em seguida, descobrimos no artigo que, enquanto corre a 6 m/s, a resistência ao vento é responsável por 7,5% do gasto total de energia ao longo de uma corrida. Acontece que isso está quase perfeitamente em linha com o ritmo que valeu a Galen os 10.000m nas provas, sua velocidade era de 10.000m/1.675s = 5,97 m/s. Além disso, podemos tirar conclusões semelhantes sobre os 5.000m e a maratona de Kipchoge. Embora o ritmo da maratona esteja um pouco mais distante dos 6 m/s citados pelo autor, ainda acreditamos que seja comparável o suficiente para esses propósitos. Tendo o efeito percentual na corrida e a redução percentual no arrasto causado pela fita, podemos calcular a rapidez com que alguém correria no mesmo nível de esforço com e sem fita e foi verificado que os efeitos reais de usar a fita AeroSwift no ritmo no nível superior do esporte são menos de 1 segundo por milha ao correr ao ar livre, e aproximadamente nenhum efeito em ambiente fechado. Se realmente "queremos" ver a diferença, então a fita é mais eficaz em campo aberto, e é possível que os atletas que usam a fita se sintam mais confiantes tentando abrir o campo e se preocupando menos com o atrito. Duvido que isso seja realidade aqui no Brasil e no esporte amador. A maior diferença que provavelmente veremos é o atleta um pouco mais relaxado no final da maratona comparado aos outros, por alguns “segundos” de vantagem. Deve-se notar que não é uma crítica à fita, pois precisou-se de muito estudo e tecnologia para chegar a esse resultado, assim como vemos os avanços tecnológicos nos tênis. E sempre tentar inovar continuamente, buscando todas as vantagens possíveis, é bom para o esporte. Mas a realidade dessa melhoria específica é que os efeitos são ainda pequenos quando comparados a um bom treinamento, fortalecimento e disciplina. Bons treinos, valentes!

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