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Por: Redação
Publicado em 17 de dezembro de 2019
Foto: O2Corre
“Você quer correr a Maratona de Nova York?”. Essa frase ecoou pela minha cabeça durante três meses. Do dia em que o convite foi feito até o fatídico e inesquecível 3 de novembro. A minha resposta (que todos já sabem e que me trouxe até aqui para dividir essa experiência com vocês), em vários momentos também me provocou, como uma voz maliciosa e irônica: “olha no que eu te meti!” Mal sabia eu que estaria me preparando para viver um dos dias mais incríveis da minha vida. Eu não posso me dizer um corredor experiente. Minha estreia em meias-maratonas foi na Meia de Sampa 2018 (e essa distância havia sido o máximo que correra). E a verdade é que nem tinha a pretensão de ser. Até lá, correr para mim tinha limite: 10 km, e olhe lá!
Mas vocês sabem como a corrida é. Ela vai aos pouquinhos nos encantando, enamorando, e quando nos damos conta, já nos dominou por completo. E foi assim que aceitei o desafio de representar a O2 em Nova York, a convite da New Balance e da United Airlines, patrocinadoras oficiais da prova. Não seria fácil (nunca é, né?). Não só pelos 42,195 km que me esperavam em solo americano, até porque, como todos dizem, a parte “mais fácil” é correr a prova; difícil mesmo é fazer toda a jornada, como manda o figurino. No meu caso, tinha agravantes: apenas três meses de preparação; nunca havia corrido uma maratona na vida; e ainda, por fim, a minha estreia seria em Nova York, uma prova cheia de armadilhas no percurso que, como aprendi durante os meus treinos, necessita de estratégia e programação de prova um pouco mais atenta e detalhada. Mas lá fui eu! A New Balance comprou a ideia e proporcionou toda a estrutura de produto, além de me colocar para treinar com o Zeca (treinador da Z track Assessoria Esportiva), com mais de 40 maratonas no currículo. Não poderia ser melhor. Pude perceber ali, de fato, que correr é treino. É dedicação. E sentia, a cada segunda, quarta e sábado, a minha evolução. A antes inimaginável maratona começava a se tornar mais factível. Zeca, muito obrigado! Foram ao todo 40 treinos e sete provas de preparação, todos devidamente registrados no meu Strava e como eram demandados pelo Zeca. Uma semana antes pude conhecer os outros ‘malucos’ que iam encarar essa viagem comigo: tio Mayco, do Canal de Corredores, Marcel Aguirre, do Mania de Corrida, Iris Guia e Gisela Saback. Foi muito bom! E aqui vai uma dica: não encare a maratona sozinho. Cerque-se de pessoas que das mais variadas formas vão gerar impacto positivo em você (e lembre-se de que tudo é uma via de duas mãos). Mal sabem eles como cada um foi fundamental nos dias pré-maratona. Embarcamos para Nova York no voo da United direto para Newark. Chegamos na manhã de quinta-feira e aí a ficha começou a cair. Dava para ver pelo rosto, animação (e óbvio, pelos tênis) dos viajantes quais deles estavam também desembarcando ali para viver aquele sonho. Começamos nossa jornada pela Expo. Número de peito e camiseta da prova na mão, e lá vamos nós gastar alguns dólares. A New Balance caprichou e havia todos os tipos de produtos oficiais da maratona, um mais bonito e desejado que o outro. Infelizmente, não dá para levar tudo, mas saímos de lá devidamente uniformizados. Aqui vai mais um conselho: reserve pelo menos três ou quatro horas para visitar a Expo (ela é bem grande) e parte do seu orçamento de viagem, pois tem muita coisa legal e exclusiva. [leiamais] Os dias seguintes foram monotemáticos. Por mais que tentássemos aproveitar a parte turística de NY, só falávamos de maratona. Ainda tivemos a oportunidade de encontrar com atletas olímpicas do atletismo americano — Emma Coburn e Jenny simpson — em uma ação descontraída da marca em que corredores podiam trocar quilômetros corridos por fatias de pizza! Foi ótimo para colocar o tênis para rodar, sentir o frio da manhã nova-iorquina e despejar um pouquinho de endorfina no sangue. E em um piscar de olhos, o grande dia chegou! Acordamos cedo, muito cedo. A largada seria apenas às 9h40 (a primeira onda, quando largaríamos), mas às 5h já estávamos embarcando em um dos ônibus que levam os corredores de Manhattan a Staten Island, local de largada e o primeiro dos cinco ‘boroughs’ por onde passa a prova. O sol demorou a nascer — apenas por volta das 6h30, quando já estávamos em Staten Island. Lá, milhares de corredores tentavam se proteger do frio espalhados pelo gramado, das mais variadas formas: pijamas de bichos, roupas com papel laminado, luvas, gorros etc., que eram descartados para doação minutos antes de adentrar o funil de largada e até durante o percurso. Tudo muito cheio, mas muito bem organizado. Tivemos um tratamento diferente que ajudou muito: uma infraestrutura exclusiva da New Balance, em que pudemos reforçar o café da manhã, utilizar o banheiro e aguardar em tenda climatizada nossa hora de correr. A excitação era incontrolável, mas tinha que tentar. Começar forte poderia significar quebrar lá na frente. Procurei ao máximo seguir meu plano de prova; marinheiro de primeira viagem, busquei a blueline e encontrei o meu ritmo até entrar no Brooklyn para de fato entender por que esta prova é a maior maratona do mundo: centenas e centenas de pessoas, de ambos os lados da avenida, gritavam e incentivavam todos os corredores que por ali passavam. Uma energia e uma ‘doação’ do público que nunca podia imaginar. Ouvi muitos comentários de outros corredores sobre essa torcida, mas, sinceramente, o que a população da cidade faz ao longo de rigorosamente cada metro do percurso é algo de valor inestimável. Brooklyn, Queens, Bronx e Manhattan (os outros quatro ‘boroughs’ que compõem a prova), infestados de espectadores com chocolates, frutas, água, cartazes e gritos divertidos, e tudo o mais que pudesse ajudar todos a continuar. A adrenalina do começo foi baixando e aí foi só curtir a prova, conhecer Nova York inteira passada atrás de passada. Já no Central Park, após 39 km percorridos e cinco pontes, o medo de não conseguir desapareceu. As incertezas ao longo de todo esse processo se transformaram em boas recordações de superação. Ao cruzar aquele bendito pórtico com as palavras mais bonitas que li naquele dia — FINISH LINE — foi impossível não extravasar e gritar, chorar, abraçar e comemorar. Foram 4h15min de emoção! E ali, naquele turbilhão de emoções que vivia, pude perceber que, realmente, essa tal de maratona é muito mais do que a distância que separa a largada e a linha de chegada. É sobre disciplina, dedicação, sacrifícios e o amor que você descobre e desenvolve por simplesmente correr. É sobre se conectar com seus pensamentos e levar no coração as pessoas que você ama, que te apoiam. E acreditem: é possível sentir toda a energia enviada, todo pensamento positivo. Não sei explicar como (sempre fui meio cético em relação a isso), mas você sente. E isso não te deixa parar! Por Guilherme Accursio. Gerente de marketing e conteúdo da Norte Marketing Esportivo, viajou e participou da New York City Marathon a convite da New Balance e da United Airlines.Publicidade
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