Publicidade
Publicidade
Por: Pedro Lopes
Publicado em 10 de dezembro de 2018
Foto: O2Corre
Daniel Chaves foi do inferno ao céu em 2018. Após um início de ano difícil, marcado por uma depressão severa, ele deu a volta por cima em poucos meses e termina a temporada em alta, mirando uma vaga nos Jogos Olímpicos de Tóquio, em 2020. Mais do que a 18ª colocação geral, o tempo de 2h13min16s na Maratona de Valência, disputada no último dia 2, lhe rendeu o posto de maratonista mais rápido do Brasil em 2018 e a classificação para o Mundial de Atletismo de Doha, em 2019. “Essa maratona na Espanha deixou bem claro que minha vida deu uma guinada”, comentou Daniel, em conversa por telefone com o Ativo, instantes antes de relembrar os episódios mais delicados de sua depressão. Para entender a guinada de Daniel, hoje com 30 anos, é preciso voltar a agosto de 2017. O mau desempenho em provas dos 10 mil metros de pista, a escassez de patrocínios e a falta de confiança em si mesmo o levaram a abandonar a carreira de atleta profissional. Seria o fim precoce de um atleta que, além de já ter defendido o Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Toronto e em dezenas de competições mundo afora, já dividiu as pistas com nomes como Marílson dos Santos, Hailé Gebrselassie, Eliud Kipchoge e Kenenisa Bekele, seus antigos parceiros de treino, alguns deles também agenciados pelo holandês Jos Hermens, da NN Running.
Sem dinheiro e frustrado pelos rumos de sua carreira, Daniel começou a trabalhar como treinador em uma assessoria esportiva de Brasília. Sua cabeça, no entanto, havia ficado no passado. Um velho ditado do esporte diz que a principal luta de um atleta é contra seu próprio corpo. Longe dos treinos e das competições, sua nova luta passou a ser contra os próprios pensamentos. “Eu tive um quadro forte de depressão. As coisas não estavam se encaixando. As coisas ficaram feias por deixar a corrida. Eu estava 8 kg acima do peso e, mesmo vivendo um novo trabalho, não conseguia absorver aquilo. No início de 2018, em um dia negro da minha vida, cheguei ao fundo do poço e tentei o suicídio. Eu estava sobre uma ponte em Brasília e não via mais sentido em nada”, recorda. Uma mão amiga foi fundamental para resgatá-lo no fundo do poço. O empresário e triatleta brasiliense Vinícius Canhedo custeou o tratamento psicológico de Daniel e o incentivou a retomar os treinos, cedendo a estrutura de sua casa. Com a volta aos treinos de corrida, a visão negativa sobre o cotidiano e a perda de energia para tarefas simples foram deixadas para trás. Daniel havia voltado ao seu habitat natural. [leiamais]Publicidade
Publicidade