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Por: Redação
Publicado em 12 de dezembro de 2017

Foto: O2Corre
Falar da Maratona de Nova York é falar de uma experiência que vai muito além de uma corrida. Quando decidi fazer minha primeira meia e treinar pra valer, em 2016, logo me alertaram que a maratona na Big Apple era imperdível. Agora eu consigo entender por quê. Quando uma das principais cidades do mundo para por um bom motivo, você só tem a ganhar. Cheguei a Nova York na manhã de sexta-feira e logo o clima da prova se fez presente. A caminho da Expo, você já esbarra em muita gente com pinta de corredor e começa a dar aquela ansiedade. A organização é impecável. Apesar dos mais de 50 mil inscritos, não peguei fila em nenhum momento, da retirada do número de peito até o passeio pela Expo, que vira um “parque de diversão” para adulto fã de corrida. Como fiquei hospedado na casa de amigos no Brooklin, aproveitei para dar a última corrida leve no Prospect Park, um dos parques mais bacanas da cidade para correr e pedalar. Na véspera da prova, a ansiedade vai aumentando. Não costumo ser dos mais ansiosos, mas só de ver os cavaletes que seriam usados para isolar a rua onde eu estava hospedado foi suficiente para dar aquela acelerada no coração. A ansiedade bateu! Na última noite, não consegui dormir mais do que 2 horas seguidas. A verdade é que eu mal via a hora de levantar da cama. Ainda de madrugada, corredores vão se juntando aos poucos pelas calçadas e estações de metrô até os ônibus ou as balsas que levam até Staten Island, local da largada. Uma grande estrutura é montada para as horas de espera embaixo da Verrazano-Narrows Bridge. O frio é grande nessa baía com saída para o Atlântico, mas a previsão para o decorrer da prova era boa: entre 12°C e 18°C. Como larguei na segunda onda, já estava posicionado nas baias ao lado da ponte quando ouvi pela primeira vez a famosa “New York, New York”, de Frank Sinatra, um hino informal da Maratona de Nova York. Depois de meses de espera desde o sorteio no início do ano, estava chegando a hora de finalmente correr a maior maratona do mundo. Os últimos minutos antes da largada da Maratona de Nova York são uma mistura de tensão, ansiedade, alegria e emoção. A caminhada final das baias até a ponte é formada por um batalhão de corredores, novatos e experientes, trocando sorrisos e uma última palavra de incentivo. E aí a música do Sinatra toca de novo. Chegou a hora. Costumo me controlar no início das provas. Era ainda minha segunda maratona, mas segurar o ritmo no começo nunca foi difícil para mim. Em Nova York, foi impossível. No segundo quilômetro já estava bem abaixo do que planejei com o Julio Dotti, meu treinador da Limite Team. Olhei o relógio, respirei fundo e tentei deixar um pouco da emoção de lado. Mas aí, passados cerca de 5 km, você chega à Quarta Avenida, no Brooklin. Já tinha lido sobre a multidão que vai para as ruas torcer pelos corredores e alimentei uma expectativa sobre isso. Essa expectativa foi superada muito rapidamente. [leiamais] Vi bebês muito pequenos “embrulhados” no colo dos pais. Adultos e idosos dividiam espaço e vibravam em diferentes idiomas, alternados de acordo com as bandeiras levadas no uniforme pelos corredores. E as crianças dão um show à parte em busca de um high five. Eu estava concentrado na corrida, mas ver as crianças e não ir mais para a lateral da rua para interagir com elas é quase impossível. Para mim foi. E a troca era instantânea: os pequenos ficavam felizes com o cumprimento; eu ficava ainda mais animado para os quilômetros adiante. O ambiente é de muito barulho. Os gritos de todas essas pessoas se misturam com os sinos que elas carregam e agitam sem parar. Bandas de música ou artistas solo decidem por conta própria fazer um show na calçada ao longo do percurso. Vi e ouvi de tudo: coral, instrumentos de sopro, rock, música latina. Trata-se de uma grande festa. A organização diz que mais de 2 milhões de pessoas vão às ruas acompanhar a maratona. No meio dessa multidão, tive a sorte de encontrar minha mulher e uma amiga duas vezes ao longo do percurso. Esses encontros viraram um empurrão enorme.