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Por: André Sender
Publicado em 5 de fevereiro de 2020

Foto: O2Corre
"Se você tem um corpo, você é um atleta." A frase dita por Bill Bowerman, cofundador da Nike, ganhou notoriedade em campanhas publicitárias da marca por carregar uma mensagem de inclusão, tornando o esporte uma ferramenta acessível a qualquer pessoa — e, consequentemente, aumentando o público potencial da companhia. Agora, a empresa tenta resolver outro problema elementar: evitar que as lesões afastem os corredores do esporte. Afinal, se você está machucado, não consegue ser um atleta. É com esse apelo que a empresa introduziu no mercado recentemente o Nike React Infinity Run, seu novo tênis de corrida. O modelo, disponível ao público brasileiro desde 30 de janeiro, promete reduzir a possibilidade de lesões, apesar do ceticismo de muitos corredores experientes que já ouviram histórias parecidas ao longo dos anos. Desta vez, o discurso da marca vem ancorado em uma pesquisa realizada em parceria com a Fundação para Pesquisa em Medicina Esportiva da Universidade de British Columbia, e em uma abordagem que inclui até dicas de treinamento. “Para reduzir a possibilidade do surgimento de lesões, o principal aspecto é o amortecimento”, diz a equipe de designers de calçados para corrida da Nike — por normas da empresa, os envolvidos no desenvolvimento do produto não podem ser identificados na imprensa. A frase pode parecer banal, mas revela uma mudança de mentalidade da marca, que até então via o controle de movimentos do pé como chave para diminuir a incidência de lesões em corredores. “A Nike acredita que o amortecimento é fundamental para fazer a transição entre o controle de movimentos e uma solução aprimorada, que ajude a reduzir as lesões”, explica o time de desenvolvimento. O Infinity Run é o primeiro passo da Nike nessa corrida pela solução aprimorada contra as contusões. Como a equipe disse, tudo começa pelo amortecimento. O tênis conta com uma grande quantidade de espuma React — composto mais moderno da marca e utilizado em tênis de corrida desde 2018. Grande quantidade mesmo: 24% a mais do que no Nike Epic React Flyknit 2, lançado em 2019. Outras características marcantes do tênis são a base larga para conferir estabilidade e a geometria da entressola em formato de uma leve parábola (com o tênis apoiado no chão, nem o calcanhar, nem a área dos dedos do pé tocam o solo), para auxiliar na fluidez das passadas, em um aceno da Nike à tendência de tênis maximalistas que tomou o mercado e tem na Hoka One One sua principal representante.
Dos atletas que utilizaram o Structure 22, 30,3% sofreram alguma contusão e 14,5% das cobaias que correram com o Infinity Run acusaram o aparecimento de alguma lesão. Dores no joelho, na panturrilha, no pé e na canela foram as queixas mais comuns dos corredores durante o experimento.
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Segundo a marca, a comparação do Infinity Run foi feita com o Structure 22 justamente para opor a “corrida macia, estável, responsiva e fluida” de um ao “controle de movimentos e passadas mais estáveis” de outro.
“Embora a ciência mostre que o controle de movimentos não evita essas lesões, não se sabe ao certo o que de fato evita. Temos algumas hipóteses bem animadoras e estamos ansiosos para continuar nossos estudos”, afirma a misteriosa equipe de desenvolvimento. “O objetivo da Nike é ajudar os atletas a continuarem correndo, e o Nike React Infinity Run é um avanço animador no nosso trabalho para reduzir a possibilidade de lesão”, completa.
A própria marca de tênis, no entanto, sabe que fora dos laboratórios o grande trunfo dos corredores que se mantêm longe das lesões está em seguir uma rotina saudável de treinamento, evitando progressões precoces de volume de rodagem e de ritmo.
Por isso, parte do esforço de marketing do lançamento do Infinity Run está direcionado a reforçar o uso da função My Coach, do aplicativo Nike Run Club, em uma ação quase holística de “incentivo, inspiração e orientação” para que os corredores adotem variações e evoluções saudáveis de treinamento.