Já ouviu falar da gordura de Hoffa? Mesmo muitos corredores tendo na ponta língua um verdadeiro glossário médico de partes do corpo e lesões, esse é um termo que costuma ser esquecido nas conversas, algumas vezes quase intermináveis, sobre dores depois do treino. E curiosamente, ela está associada a uma lesão comum em quem corre, a Síndrome de Hoffa ou hoffite.
A gordura de Hoffa é uma camada de lipídios localizada atrás do ligamento patelar e quando inflamada provoca dores na região anterior do joelho, inchaço e, em alguns casos, dificuldades de movimento.
Hoffite
A hoffite é caracterizada pela inflamação da região da Hoffa. Essa estrutura tem função de nutrir o tendão patelar e as estruturas adjacentes, protegendo-as contra possíveis impactos no joelho. Quando uma carga maior que a habitual é aplicada de forma constante, pode ocorrer o processo inflamatório.
Esse tipo de lesão é mais comum em atletas de esportes que envolvem salto (basquete e vôlei, por exemplo) por causa do alto impacto nos joelhos. Mas muitos corredores também sofrem com o problema. Para quem pratica corrida, sobrepeso, fraqueza muscular e o uso de calçados inadequados são fatores que elevam a propensão da lesão.
"Basicamente, seu diagnóstico é clínico, pela dor anterior detectada com exame físico por meio da compressão da gordura de Hoffa. Também é possível identificá-la através de ressonância magnética que aponta aumento do processo inflamatório local" explica o Dr. Ricardo Cury, ortopedista especialista em traumatologia esportiva.
Sintomas
Os principais sintomas da hoffite são as dores na região anterior do joelho, inchaço localizado após prática de exercícios físicos, aumento da temperatura local devido à inflamação e, em casos mais extremos, dificuldade de movimento principalmente na hora da extensão.
Normalmente, estes sintomas ocorrem depois de treinos e provas, quando a região lesionada recebe mais uma sobrecarga, agravando o processo inflamatório já existente.
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Tratamento
O tratamento para a hoffite na maioria dos casos é simples, mas envolve necessariamente uma pausa na rotina de corridas. O primeiro passo é repouso para evitar que a inflamação da região aumente. Além disso, a aplicação de bolsas de gelo na região do joelho e o uso de anti-inflamatórios ajudam a diminuir a dor e a normalizar o quadro na região.
Dependendo do caso, sessões de fisioterapia podem ajudar o atleta a recuperar a mobilidade da região, diminuir as dores e retomar a confiança nas passadas para a corrida.
Em algumas situações, a saída para a cura da hoffite pode ser uma cirurgia, mas segundo o Dr. Ricardo Cury, isso ocorre apenas em casos excepcionais. Mesmo assim, o processo é considerado pouco invasivo já que a retirada da gordura de Hoffa inflamada é feita por meio de uma atroscopia.
Retomada dos treinos
Após todas as doses de ant-iinflamatórios e todas as sessões de fisioterapia, o atleta não deve ter pressa e logo sair correndo longas distâncias. A volta aos treinamentos deve ocorrer paulatinamente, começando com distâncias curtas e intercalando ritmos leves e mais intensos.
À medida que o atleta ganha confiança e nota ausência das dores que o atrapalhavam, pode ir aumentando progressivamente as distâncias, assim como o ritmo das passadas.
Fonte: Dr. Ricardo Cury - CRM 67239/SP - Membro da sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia, mestre em ortopedia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP, doutor em ortopedia pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP, chefe do Grupo de Joelho do DOT da Santa Casa de SP e professor instrutor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de SP