Quando falamos em performance esportiva, uma das novidades mais recentes é a monitorização de glicose em tempo real com sensores. Antes um recurso utilizado apenas por pacientes com diabetes - em sua maioria do tipo 1, dependentes de insulina - a monitorização passou a ser alvo de atletas, especialmente de Endurance. O sensor, implantado geralmente na parte de trás do braço, monitora 24 horas a glicose intersticial, possibilitando dados em tempo real sem que seja necessário remover uma gota de sangue.
Por que utilizá-la?
Manter a glicemia em concentrações estáveis parece ser um determinante na performance em Endurance. Monitorar essa variação e traçar estratégias para evitar ficar sem energia em uma corrida é uma forma inteligente de entender melhor o corpo em situações de desgaste e planejar o plano de reabastecimento de energia.
Quais dados o monitor de glicose nos fornece?
Existem várias métricas que esse tipo de dispositivo fornece, desde os valores de glicose em tempo real como também a taxa de variação de glicose frente ao exercício ou a um alimento, o que pode ser mais relacionado a como aquele atleta se sente, quedas bruscas por exemplo, podem estar relacionadas a sensação de cansaço e queda de energia, portanto saber como a a glicose está se movimentando é um dado importante.
Para diabéticos que apresentam glicemia fora dos alvos desejados, o monitor fornece dados como por exemplo, o tempo em que a glicemia permaneceu no alvo, ou quantos episódios de hipoglicemia aquela pessoa apresentou ao longo de um período, dados importantes para ajustes em medicações e alimentação.
Como utilizar o sensor durante o treino?
Depende em qual fase do treinamento você está. Se você está e um período em que você pode fazer testes você pode utilizar diferentes tipos de géis ou barras sólidas, bem como o momento de utilizar cada um desses. Se você está em uma fase que permite treinos com menor intensidade e maior duração, você pode testar a sua "adaptação cetogênica", avaliando a capacidade do seu organismo manter sua glicose estável e em níveis adequados treinando com baixo consumo de carboidrato. Outra forma interessante de utilizar o sensor é avaliar momentos de quebra e correlacionar estes com os níveis de glicemia para realizar futuras adaptações no fornecimento de energia. Quanto mais dados adquiridos, mais avaliações podem ser feitas para o dia da prova.
Quais são os valores ideais de glicose para treino?
O uso em atletas/indivíduos que não tem diabetes ainda é relativamente novo, portanto, ainda não existem valores fixados. Porém alguns pontos parecem ser mais determinantes, como por exemplo, momentos de hipoglicemia e grandes variações no perfil glicêmico.
Glicemia é algo multifatorial. Estresse, exercício, alimentação, são elementos que podem influenciar os valores glicêmicos. Um treino muito intenso, por exemplo, gera aumento glicêmico, enquanto um treino leve tende a não ocasionar grandes mudanças. Avaliar e correlacionar esses dados pode ser interessante para avaliar o quanto o esforço está adequado à planilha de treino prescrita.
Posso utilizar o sensor em dias de prova?
Sim, porém lembre-se que dias de provas são mais estressantes e isso pode ocasionar aumentos em glicemia que nem sempre são relevantes. Além disso, em provas é muito difícil que você consiga fazer uma leitura durante a corrida.
Existem outros usos possíveis?
Sim, avaliação de resposta a alimentação para melhora comportamental a alimentação - bem como o uso para avaliação de glicose noturna e avaliação de
recovery - podem ser possíveis usos futuros desse tipo de tecnologia.