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Por: Pedro Lopes
Publicado em 4 de outubro de 2017

Foto: O2Corre
A interação com a natureza, as belas paisagens encontradas durante os trajetos e a solidariedade entre os participantes em trechos sinuosos das provas seduzem os esportistas e os levam a buscar a imprevisibilidade de bosques, montanhas, praias e dunas. Em uma só prova de trail run, é possível deparar com os mais variados cenários – e com a possibilidade de intempéries climáticas modificarem bruscamente o percurso. Segundo Dagny Barrios, escritora norte-americana especializada em corrida:
Gerente operacional da empresa que organiza o Mountain Do, bandeira brasileira que, na segunda metade da década de 1990, se inspirou em eventos europeus para abrir caminho de provas de trail run no País, Cláudio Rafael Varela Ribas atribui o crescimento exponencial do nicho ao desejo de fuga de quem vive nas grandes cidades. “A corrida de montanha está ganhando mais espaço. Há uma migração do asfalto para a trilha. Quem corre no asfalto e vem para a trilha encontra uma nova energia. As pessoas estão precisando sair da cidade, do estresse. A pessoa vem para a trilha e fica mais light”, aponta. Encontrar uma nova atmosfera e desafios até então desconhecidos motivou Romina de Nicolai, treinadora do Corre Corinthians, grupo de corrida que leva o nome do time de futebol mais popular de São Paulo, a explorar trilhas Brasil afora. Ex-triatleta, ela participou de duas edições do Ironman e completou as distâncias clássicas das provas de rua. Esteve em seis meias-maratonas, duas maratonas e sabia de cor e salteado os percursos dos principais eventos do calendário esportivo de São Paulo. Três anos depois de experimentar o trail run, a treinadora não disfarça o encantamento pelo clima de solidariedade que o novo caminho na corrida lhe proporcionou. Romina liderou um grupo de 23 pessoas vinculadas ao Corre Corinthians no Mountain Do no Costão do Santinho, em Florianópolis, no início de julho.“Você não conquista a trilha, você reage”.
“Eu estava precisando de algo novo. Descobri novos percursos e vi que a trilha era algo realmente desafiador. Me apaixonei por tudo que envolve o mundo de trail. Nunca sei o que realmente vou encontrar em uma corrida de montanha. Se choveu ou está muito seco, o solo muda. Por mais que façamos todos os preparativos, a natureza pode mudar tudo de uma hora para a outra. Fora isso, as pessoas se ajudam no percurso. Sempre tem a competitividade, mas, se você vê alguém que precisa de uma corda, interrompe a corrida para ajudar.”
Aproveitar o viés turístico e a variedade de paisagens que envolvem o universo da corrida de montanha é uma das estratégias de provas como o Mountain Do. "Queremos que todas as nossas provas sejam desafiadoras, mas, ao mesmo tempo, tenham sentido turístico. A pessoa vem, corre num visual desse aí e enlouquece. Cria uma paixão por aquilo", diz o gerente operacional da empresa.“Eu não tenho preocupação com o tempo. Tenho preocupação em terminar e não me lesionar. A corrida, para mim, é uma terapia, um hobby, um lazer”, reforça Liliane Brasiliense.
Quando é procurado por pessoas interessadas em se juntar aos seus treinos específicos, Sardá estabelece um ponto de partida: uma avaliação física individualizada. O teste de potência, por exemplo, serve para checar os pontos fortes e fracos do corredor e se existe uma carência de força em determinadas regiões do corpo.
Quadris, costas, joelhos, tornozelos e posteriores da coxa são as partes mais exigidas para quem passa horas a fio se exercitando entre galhos e pedras. Com a diversidade de terrenos, sai de cena o manual da pisada correta que rege o posicionamento impecável dos corredores de rua – cabeça erguida, olhar para a frente, ponta do pé elevada, contato com o solo realizado com a parte medial dos pés e corpo alinhado – e entram em jogo mais grupos musculares e um outro padrão motor.
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“Na montanha, o atleta corre com o corpo inteiro. Carrega um pouco mais de peso com o equipamento, sobrecarrega o trapézio. Também utiliza mais os braços e o core. A passada não pode ser tão rente ao chão pelo risco de tropeçar, torcer o pé”, ressalta João Bellini, treinador do Núcleo Aventura, assessoria baseada em São Paulo.
O Núcleo Aventura leva seus alunos para as trilhas a cada 15 ou 20 dias. Juquitiba, Pico do Jaraguá e Atibaia, locais em um raio de até 70 km em relação à capital paulista, são os destinos escolhidos. Durante a semana, em treinos realizados no Parque do Ibirapuera e na USP, Bellini aposta em agachamentos, saltos, abdominais e técnicas do crossfit para aumentar o grau de fadiga dos alunos antes dos tiros. O objetivo é tirar o atleta da zona de conforto, simulando possíveis dificuldades encontradas nas trilhas.
