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Atualizado em 5 de fevereiro de 2025
Foto: O2Corre
Ajudar os outros é um dos gestos mais gratificantes que existem. Nos finais de ano, essa vontade de ser útil ao próximo cresce com o sentimento de renovação. Corredores já logo imaginam participar de provas beneficientes, juntar tênis e roupas de corrida para doação; outros pensam em fazer abastecimentos informais em provas de longa distância para ajudar os colegas participantes e por aí vai. Todos estes exemplos são muito nobres e muito comuns aqui no Brasil. No entanto, nos falta uma prática que é extremamente forte no exterior -- o voluntariado! Longe de querer propor essa solução para "economizar" custos de organizadores; a proposta, na verdade, serve para ajudar nossa mudança de valores. Sabem todos os milhares de pessoas que entregam kits, que nos dão informações, que servem água, que dão atendimento médico em corridas de rua e maratonas internacionais como em Nova York, Sevilha, Tóquio ou Chicago? Todos, sem exceção, são voluntários. Eles estão lá pelo simples prazer de servir. Não estão lá pensando se o organizador ganha rios de dinheiro, ou se faz chuva ou sol. Imaginem qual a diferença em ser atentido por uma pessoa que quer dividir seu tempo de forma voluntária comparando-se a um staff que tem que levantar de madrugada, pegar uma condução para estar às 6h da manhã na arena da corrida para ganhar cerca R$ 50, um lanche e quiçá, o transporte pelo seu trabalho? [leiamais] O que parece ser um valor irrisório para os corredores, esse custo para o organizador é alto, já que são centenas de pessoas no staff, dependendo do tamanho do evento. Os números vão de uma prova que reúne 10.000 corredores (como a Maratona de Sevilha) e possui 2.000 volutários até a maior maratona do mundo (a de Nova York) com 50.773 concluintes. A última edição da Major, por exemplo, contou com 12.000 voluntários durante a semana da corrida, incluindo 10.000 no dia da competição. Lá o status de voluntário é uma espécie de privilégio. Escolas, centros culturais e comunidade são convidados para a função. É o posto de abastecimento que é formado por estudantes de uma escola próxima ou de alguma instituição filantrópica que estão lá para contribuir. No caso, esse trabalho de aproximação com a comunidade cabe ao organizador que deve apresentar à cultura running às instituições. Para se ter uma ideia o New York Road Runner é parceiro de 382 instituições de caridade oficiais. O comprometimento do programa de voluntários com a organizadora deve partir de ambas as partes. Que tal fornecer um vestuário de primeiro nível ao voluntário? Uma calça que se tranforma em bermuda e vice-versa, uma camiseta, um boné e uma bela jaqueta contra frio e chuva para aqueles que ficam em postos durante o percurso? Programas de desconto em provas para voluntários podem ser avaliados -- afinal, voluntário também corre. Os voluntários terão que ser comprometidos em fazer esse trabalho tendo prazer de servir -- essa é a verdadeira essência do voluntariado -- e o fazer de forma comprometida (não faltar, ser cordial mesmo quando a situação não for favorável etc). Se depois um certo tempo o voluntariado se mostrar inviável para quem se inscreveu no programa, é só se desligar. Para um início de um programa do tipo, as organizadoras devem formar um grupo de voluntários-líderes que transmitirão o ideal de ser voluntário. Pode ser que seja um processo lento na sociedade brasileira, a qual nos falta cultura comunitária e esportiva. Entretanto, não falta vontade em querer ajudar, principalmente entre quem corre. Precisamos somente começar a construir pontes e não achar que é uma simples utopia. Como em uma corrida que é feita do primeiro passo, assim deve ser a cultura do voluntariado.
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