Publicidade
Publicidade
Atualizado em 3 de dezembro de 2024
Foto: O2Corre
Aos poucos você vai descobrindo que todo corredor é muito ansioso. A gente não consegue dar tempo ao tempo e já se coloca mil desafios. Não damos o tempo de amadurecimento em provas de 10 ou 21 km e já projetamos a primeira maratona ou ultramaratona ou, quando nem nos damos conta, já estamos seguindo os caminhos para o triathlon. Confesso que essa ansiedade não foi diferente após meu parto. Eu tive uma gestação muito tranquila, pude praticar esportes até a 37ª semana, quando minha filha nasceu, sem nenhum problema. Eu corri até o sexto mês. Depois deste período, minha filha já estava virada e bem encaixada, então tinha muito desconforto para correr ou caminhar. Optei em caminhar de forma leve e continuar na natação até o final. Eu nadei até dois dias antes dela nascer. Mas é importante consultar sempre um profissional que irá dizer aquilo que melhor se encaixa a você. Depois que a Laura nasceu, eu entrei na paranoia “preciso perder todo o peso que ganhei” e, confesso, isso é torturante. Neste período estamos com os hormônios totalmente bagunçados, rotina totalmente modificada e agora com uma criança para você cuidar, sem nem ao menos saber como. Meu obstetra me liberou a corrida apenas após o terceiro mês da Laura. Antes disso ele não recomendava pela questão de estabilização da produção de leite, pelo próprio repouso do corpo e para nossos órgãos voltarem ao lugar que sempre pertenceram. Laura nasceu em setembro de 2017 e em janeiro de 2018 eu já estava em uma prova de 5 km, buscando tempo. Fiz minha corrida em 24 minutos, ainda estava com sobrepeso, despreparada e foi um esforço gigante. E, obviamente, causei uma lesão no lado direito do meu quadril, que me rendeu três semanas de fisioterapia intensiva e um desconforto gigantesco para caminhar. O pós-parto é o período mais delicado para uma mãe. Ela perde parte de sua vaidade, de sua rotina individualista, congela muitos planos por um período e precisa começar a se identificar com seu novo papel social: ser mãe. Portanto é um período que a ajuda do(a) companheiro(a), família e amigos é fundamental. Não tem como não participarem. Caso contrário, o caminho pode se transformar em um grande martírio. É muito importante que a mulher tenha muita paciência consigo neste período. Se respeitar e aceitar sua nova condição. E, entendam, aceitação não é conformismo, mas a capacidade de olhar para si com coragem, identificar suas limitações com a finalidade de estudá-las para transformá-las. Para, depois disso, então seguir com seus planos. Após 13 meses do nascimento da Laura, estou indo para a minha quarta maratona, em outubro de 2018. Depois de refletir muito, de sentir o desafio que está por vir e ainda na tentativa de ajustar bem os horários de treino e descanso, que ainda são bem desregulados, acredito que estou indo a esta maratona com mais consciência e maturidade. Quero ter uma boa performance, mas a minha cobrança hoje é outra, menos punitiva e mais educativa. Tento diariamente remover o peso da cobrança das costas. Afinal, correr 42,195km com esse peso extra é assinar um atestado de burrice.
Publicidade
Publicidade