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Atualizado em 14 de outubro de 2024
Foto: O2Corre
Certamente muitos leitores desta coluna, assim como eu, curtiram muitos e muitos quilômetros de corrida com seus antigos relógios com cronômetro tradicional. Alguns nem lap tinham! Mas isso não nos impedia de realizar todo tipo de treino: intervalados, longões, regenerativos. Íamos fazendo contas e conhecendo todas as marcações de distância no percurso. Bons tempos! Não me entendam mal, não sou saudosista. Hoje uso em todos os treinos meu relógio com GPS. As funções dos atuais relógios de corrida são fantásticas e devem ser aproveitadas ao máximo. Poder correr em percursos alternativos controlando a distância, ajustar o ritmo durante o treino, sem precisar chegar ao final para saber que você está mais rápido (ou devagar), controlar a frequência cardíaca sem precisar usar a fita peitoral, poder conferir dados completos do treino, altimetria, trajeto, passar tudo isso para o aplicativo, ter dados para analisar o treino com seu professor... é muita coisa boa! E tudo isso em dispositivos cada vez mais leves, duráveis e confiáveis. Qual o problema então? No meu ponto de vista, é a dependência exagerada nestes dispositivos. Por exemplo, é sabido que o GPS perde qualidade do sinal em locais mais fechados como túneis, ruas com prédios altos ou muitas árvores. Nestes casos, o ritmo instantâneo que aparece no relógio e a distância total, podem sofrer alterações. Por isso é que o corredor PRECISA entender, PRECISA sentir o corpo durante o treino e SABER que aquela variação não foi no seu esforço e sim uma interferência externa. Não há razão para “panicar” se você sente que o ritmo está estável e o esforço compatível. Já vi aluno desistindo do treino na hora de começar porque seu GPS estava sem bateria! Uma atividade que fazemos na equipe Filhos do Vento de tempos em tempos é colocar os alunos para fazer uma volta na Lagoa Rodrigo de Freitas (7,5km) sem relógio, música ou qualquer outro aparato tecnológico. A brincadeira consiste no aluno definir previamente seu tempo final de conclusão e o que mais se aproximar do tempo estimado, ganha o desafio. O objetivo é justamente estimular este controle maior da sensação de esforço, o olhar mais para dentro do corpo e de suas sensações e menos para o relógio. Outro aspecto que merece ser destacado é que em competições, a distância que deve ser seguida é a da PROVA, ou seja, pouco importa que seu relógio está marcando 42,5km e sua maratona ainda não acabou. Durante o trajeto, nem sempre conseguimos realizar todas as tangentes devido ao fluxo de pessoas, a necessidade de usar os postos de hidratação e por aí vai. Então é importante que você esteja ligado também nas marcas de quilometragem oficiais. Um aluno meu, tempos atrás, quase perdeu o sub 3h dele em Berlim por situação similar a essa. Resumidamente, use o melhor que o GPS tem para te oferecer, mas escute seu corpo SEMPRE. Ele é o melhor “dispositivo” para fazer você alcançar seus objetivos. Saúde e alegria sempre. Boas corridas!
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