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Um quilômetro de cada vez

Por: Redação

Publicado em 21 de agosto de 2014

Um quilômetro de cada vez

Foto: O2Corre

Lá em casa sempre existiram duas regras: tirar boas notas e praticar algum esporte. Meus irmãos e eu podíamos escolher qualquer coisa — de luta livre a esgrima —, mas ficar em casa no sofá nunca foi uma opção. Por isso, “treinar” sempre foi um verbo presente em minha vida. Natação, balé, jazz e ginástica rítmica fizeram parte da minha infância e adolescência, ensinando-me lições valiosas sobre disciplina, dedicação e trabalho em equipe. Mas com a faculdade, as tardes inteiras dedicadas aos treinos viraram uma lembrança do passado. Foi nessa hora que resolvi trocar as sapatilhas pelo tênis. Nesses quase dez anos de corrida, já fui do revezamento 4x100 com barreiras, passando por corrida de aventura, até a minha preferida — trote pela orla no final da tarde. Mais do que treinos, esses sempre foram os momentos de esvaziar a cabeça, colocar as ideias no lugar, tomar decisões importantes e deixar o estresse ir embora junto com o suor. Correr sempre foi a melhor das terapias, o remédio para dor de amor, de cabeça, gripe e até cólicas. A única coisa capaz de melhorar o meu humor em 30 minutos — e que eu podia levar comigo para qualquer lugar onde fosse possível calçar um tênis e sair por aí. Tudo isso ficou ainda mais forte em 2012, quando fui diagnosticada com carcinoma adenoide cístico, um tipo raro e agressivo de câncer. De lá para cá, já foram três cirurgias e em breve vou encarar 33 sessões de radioterapia. Mas ficar boa é apenas um dos objetivos. Entre tomografias, ressonâncias e consultas, uma planilha me lembra que em outubro tem outra maratona me esperando. Porque treinar é a melhor forma de lembrar que a vida não pode parar, que ela segue, e vai seguir por muito tempo, um quilômetro de cada vez. Clara Corrêa, 26 anos, é jornalista e mora em Salvador (BA). (Conteúdo publicado na revista O2 Por Minuto de agosto de 2014)

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