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Ultramaratona sem carboidratos? Saiba mais

Por: Redação

Publicado em 26 de março de 2024

Ultramaratona sem carboidratos? Saiba mais

Foto: O2Corre

A relação entre dieta low-carb e a prática de exercícios físicos sempre foi vista como complicada. Na verdade, a maioria das pessoas acredita que restringir o consumo de carboidratos prejudica a performance do atleta, e há inclusive quem pense que as duas coisas são completamente incompatíveis. O médico referência em low-carb e autor best-seller José Carlos Souto mostra em seu livro “Uma dieta além da moda - Uma abordagem científica para a perda de peso e a manutenção da saúde”, que a crença sobre low-carb prejudicar o desempenho atlético ocorre da seguinte forma: “o cérebro necessita de glicose (ao menos 130 g diárias). Posto isso, deduz-se que se o ser humano não ingerir tal quantidade (o que aconteceria em low-carb), o cérebro deixaria de funcionar ou o corpo seria obrigado a utilizar as proteínas dos músculos para produzir glicose, causando perda da massa muscular”. Souto destaca, porém, em seu livro, que diversos ensaios clínicos randomizados já demonstraram que não se perde mais massa magra em low-carb do que em outras estratégias de emagrecimento, que é possível ganhar massa magra na vigência de uma dieta de baixo carboidrato (quando associada ao treino de força), e que a dieta pode não trazer prejuízo à performance nem mesmo de atletas de alto rendimento. Não bastasse a comprovação a partir de estudos, o médico destaca que a prática clínica já demonstrou que a low-carb não causa prejuízos ao desempenho de pessoas que praticam atividade física intensa. A título de exemplo, Souto cita o caso de um paciente, o professor de literatura brasileira e russa e ultramaratonista, João Armando Nicotti. Aos 60 anos de idade, adepto da estratégia alimentar low-carb há nove anos, ele relata que restringir o consumo de carboidratos não interferiu em sua rotina de treinos, que consiste em percursos de 21km a 30 km de segunda a sábado e 42 km (uma maratona) aos domingos. “A dieta low-carb me assegura treinos extensos sem que sequer coma alguma coisa durante o trajeto. Só me benefício da hidratação controlada”, comenta. Nas corridas, Nicotti afirma não precisar de reposição alimentar durante o percurso. Sua alimentação consiste apenas em proteínas e gorduras que são consumidas nos intervalos ou antes das provas. Certa vez, fez quatro maratonas em quatro turnos (duas no sábado e duas no domingo), percorrendo, dessa forma, 168 km em um final de semana. Para repor suas energias, consumiu apenas dois bifes, um em cada dia, e afirma não ter sentido fome e não ter precisado de carboidratos durante os percursos. Recentemente, relata o ultramaratonista, participou da tradicional TTT Solo (Travessia Torres-Tramandaí), corrida cujo trajeto tem um pouco mais de 84 km de extensão e é feito na areia. “Na ocasião, precisei apenas de hidratação. O único alimento que ingeri foi na noite anterior a prova - um guisado - para que conseguisse me concentrar nas dificuldades do percurso, feito em solo molhado, instável e pesado, e não na alimentação. Fui quarto colocado na minha categoria”, conta. Assim que aderiu à low-carb e passou a consumir, durante os treinos, alimentos como salame italiano, queijo, castanhas, batata-doce e bacon, o ultramaratonista já sentiu a diferença em seu desempenho. Depois de três horas de corrida tomando água e ingerindo alimentação rica em gorduras e proteínas, sentiu mais leveza nos treinos, mas não só. “Minha recuperação pós-treinos tornou-se mais rápida. As lesões também deixaram de fazer parte da minha rotina”, lembra. Como consequência seus treinos se tornaram mais regulares. Nicotti conta que viu ainda seu pace médio (o tempo que o corredor leva para percorrer um quilômetro) cair cerca de um minuto e as distâncias percorridas aumentarem. A história de Nicotti ajuda a demonstrar também a importância da low-carb para a mitigação de doenças metabólicas e como a prática de atividade física regular única e exclusivamente não é garantia de saúde física. O professor de literatura só foi procurar Souto porque após uma doença séria precisou fazer alguns exames clínicos, que constataram algumas alterações preocupantes (indícios de síndrome metabólica). “Quando fui visitado pela herpes-zóster, procurei um infectologista para tratar a doença. Após exames, descobri que, embora magro, praticante de atividade física (maratona), estava com triglicérides de 275 mg/dl (bem acima da faixa normal, que é de até 150 mg/dl)”, diz. Por ser maratonista, ou seja, não sedentário, suspeitou-se que o problema poderia ser a alimentação. O professor de literatura consumia, à época, muitos doces, massas e pães. O infectologista indicou que Armando fosse tratar com o Dr. Souto para que os padrões alimentares fossem modificados. Orientado por Souto a restringir o consumo de carboidratos - principalmente trigo e doce nas refeições - um mês depois, Armando fez novos exames, que detectaram uma impressionante melhora: o triglicérides havia baixado para 66mg/dl, nível considerado ideal. Como decorrência da mudança de alimentação, Armando também perdeu peso, passando de 82 kg para 70 kg. Aos que insistirem em afirmar que o emagrecimento foi resultado da prática continuada de atividade física, o maratonista será taxativo em negar. “Claro que não. Se fosse por causa dos 40 anos de corrida, bom, eu teria desaparecido. Eu reputo a perda de peso à minha dieta restritiva em carboidrato e doces”, afirma. Com o exemplo do maratonista e professor de literatura, Dr. Souto destaca não querer afirmar que a restrição de carboidratos é a melhor estratégia para a prática desportiva. “Contudo, a história de Nicotti deixa claro que a dieta low-carb é plenamente compatível com a prática de esportes, inclusive com alto volume de treino, e também que a síndrome metabólica e resistência à insulina não são privilégios exclusivos de obesos e sedentários”, finaliza.

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