Cada nutriente tem uma função e necessidade para o corpo, e com os corredores essa situação não muda. Uma reposição adequada e equilibrada dessas substâncias é de fundamental importância para a performance nas competições, não importa se o atleta é iniciante ou não.
Por convenção, os nutrientes são divididos entre macronutrientes e micronutrientes. Carboidratos, proteínas e gorduras são exigidos em maior quantidade pelo corpo, portanto fazem parte da classe dos macronutrientes. Vitaminas e minerais são do time dos micronutrientes, pois o corpo necessita e absorve apenas alguns miligramas deles. Veja abaixo os principais nutrientes para o organismo dos corredores.
Macronutrientes
Carboidratos
Servem de energia para as funções do nosso corpo e para a realização de atividades físicas. São armazenados em forma de glicogênio (combustível) no fígado e nos músculos. No fígado, os carboidratos mantêm os níveis de glicemia no sangue, fornecendo energia para as células. Já nos músculos atuam como "energia pronta" para as atividades esportivas.
A quantidade de carboidratos varia muito conforme a necessidade da pessoa. Em dietas para a perda de peso, são ingeridas mínimas quantidades. Já para ultramaratonistas e atletas de longas distâncias, o consumo chega a até 12 g por quilograma do indivíduo.
Um erro muito comum é achar que qualquer alimento que contenha carboidrato seja composto só disso e nada mais. É importante esclarecer que os alimentos apresentam cargas glicêmicas diferentes. Por exemplo: 100 g de macarrão tem 75g de carboidratos, enquanto que 100 g de mandioquinha tem apenas 19 g de carboidratos. Logo, 350 g de mandioquinha tem menos carboidratos que 100 g de macarrão.
Gorduras
Podem ser de origem vegetal ou animal. São divididas em saturadas e insaturadas (poli-insaturadas e monoinsaturadas). Têm função de reserva energética, armazenamento e transporte de alguns tipos de vitaminas e proteção de órgãos vitais.
A principal fonte de gorduras saturadas são os produtos de origem animal, mas para quem não consome esses itens, uma alternativa são os óleos de coco e de palma. Azeite de oliva e abacate são exemplos de gorduras monoinsaturadas, e óleo de milho e de soja são fontes de gorduras poli-insaturadas. A gordura trans, a mais nociva para a nossa saúde, não é encontrada na natureza: é produzida pela indústria com o intuito de transformar gorduras líquidas em sólidas ou semissólidas.
Em resumo, gorduras insaturadas são desejáveis e as saturadas devem ser ingeridas com critério. Já as gorduras trans devem ser abolidas da dieta.
Não há consenso quanto à quantidade diária para ingestão de gorduras, mas a American Heart Association é bem restrita, permitindo apenas 300 mg de gordura por dia (praticamente o que há em uma gema de ovo). É importante avaliar os fatores de risco de cada pessoa, bem como a idade e suas atividades físicas para calcularmos as quantidades de gorduras a serem ingeridas.
Proteínas
Presentes em alimentos de origem vegetal e animal, contribuem para a formação dos tecidos e são integrantes de várias reações metabólicas (na forma de aminoácidos), além de serem utilizadas na síntese de alguns hormônios. A quantidade de proteínas a ser ingerida varia se a pessoa é sedentária ou ativa. Se for sedentária, 1 grama por quilo é o suficiente. Caso a pessoa seja muito ativa e tenha alto volume de treinos, pode consumir até até 2 gramas por quilo. As principais fontes de proteína de origem vegetal são soja (principalmente na forma de tofu), lentilha, feijão e grão-de-bico.
Micronutrientes
São fundamentais para as funções metabólicas. As vitaminas são divididas em lipossolúveis (A, D, E e K, que são dissolvidas e armazenadas na gordura) e hidrossolúveis (complexo B e vitamina C, solúveis na água).
As de natureza lipossolúvel podem ser armazenadas e ingeridas em quantidades maiores em determinados dias do que em outros. As hidrossolúveis são encontradas em fontes animais e vegetais. A B12, entretanto, é restrita às fontes de origem animal, por isso pessoas veganas devem recorrer a suplementos para preencher a necessidade do nutriente. A levedura nutricional é uma ótima opção para esse tipo de alimentação.
Na segunda classe dos micronutrientes estão os minerais: ferro, cálcio, magnésio e fósforo. O cálcio se mistura ao fósforo e, juntos, formam a hidroxiapatita e o fosfato de cálcio, que fornecem rigidez aos ossos. Algumas fontes de fósforo: laticínios, salmão, carnes, lentilha e amêndoas. Para suprir as necessidade de cálcio, aposte em laticínios, salmão, sardinha e figo.
O ferro pode ser encontrado em produtos de origem animal e vegetal, porém sua absorção é diferente. O ferro heme é encontrado em alimentos de origem animal e sua absorção é em torno de 10 a 35%. Já o ferro não heme é encontrado em vegetais, principalmente nas leguminosas, e sua absorção é entre 2 a 10%. Os vegetarianos e veganos devem ficar atentos ao consumo para evitar a deficiência do nutriente.
Por fim temos o magnésio, que participa em mais de 400 reações no organismo. Fontes: vegetais verdes, oleaginosas (castanhas, nozes e amêndoas), banana e grãos integrais.
Para descobrir a necessidade de suplementação ou de ajuste em sua dieta, sempre procure ajuda de um profissional qualificado de nutrição ou nutrologia.